A via navegável do Douro necessitaria de um investimento de 70 milhões de euros na criação de condições para o transporte de mercadorias, nomeadamente do ferro que poderá vir a ser explorado nas minas de Torre de Moncorvo.
Os australianos da Rio Tinto, a maior empresa de minas do mundo, querem investir cerca de 3,5 mil milhões de euros na exploração de ferro em Portugal e o projecto deverá ser realizado nas minas de Torre de Moncorvo, em Trás-os-Montes, um dos maiores depósitos de minério de ferro da Europa.
A concretizar-se, o transporte deste minério poderá ser feito através de comboio ou de barco.
Neste momento, o transporte de mercadorias pelo rio Douro apenas está optimizado até ao Porto Comercial de Régua/Lamego e faz-se só no período diurno.
Joaquim Gonçalves, director delegado do Norte e Douro do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM), disse à agência Lusa que «todo este enquadramento evidencia que a via navegável do Douro constitui uma reserva estratégica que poderá, a breve trecho, emergir com um corredor alternativo ao transporte de mercadorias».
O responsável esclareceu que, na consulta ao Projecto de Exploração das Minas de Ferro de Moncorvo, não se encontrou um estudo fundamentado para o escoamento do minério.
O documento referia apenas que «actualmente a opção existente é o transporte ferroviário através da linha do Douro. Considera-se, no entanto, que a solução de escoamento poderá ser optimizada através de uma futura operacionalização da opção de escoamento por via fluvial».
E, apesar de não ter sido efectuado nenhum estudo específico para este caso concreto, Joaquim Gonçalves salientou que para a utilização da via navegável do Douro no transporte de mercadorias seria necessário investir 70 milhões de euros no aprofundamento do canal, alargamento, sinalização, adaptação das eclusas de navegação e sistemas de emergência e segurança.
Os valores apontados para a produção de minério prevêem que venha a ser necessária uma capacidade de escoamento variável entre 4000 a 9000 toneladas por dia de minério ou seus derivados, na primeira fase de funcionamento. Valores que podem atingir as 28000 toneladas por dia, em fases de pico.
Segundo o IPTM, os valores de exportação pela via navegável do douro de mercadorias encontram-se estabilizados em cerca de 100.000/120.000 toneladas relativamente aos portos comerciais de Sardoura e Várzea do Douro.
São números ainda reduzidos mas foram encarados cenários de desenvolvimento potencial para esta via por causa do seu «relevante valor estratégico».
Pretende-se o desenvolvimento acentuado do transporte de mercadorias baseado nos actuais portos comerciais de Sardoura e Várzea do Douro, o aumento progressivo da actividade no porto de Lamego no sector do transporte de mercadorias, a afectação do porto do Pocinho à movimentação de mercadorias, beneficiando da sua localização estratégica em relação à rede viária, e o alargamento da via navegável até ao porto de Vega Terró (Espanha).
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