segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Douro: Produtores de vinho manifestam-se outra vez a 30 de novembro, na Régua


Os vitivinicultores do Douro vão juntar-se numa marcha lenta a 30 de novembro, com partida do Peso da Régua, em protesto contra a redução do preço das uvas e do vinho e apelando à intervenção do Governo.

Esta forma de luta foi decidida hoje pelos participantes de um plenário convocado pela Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro (AVIDOURO) e que juntou centenas de lavradores durienses na cidade da Régua.

Pela terceira vez em quatro meses, os pequenos e médios produtores da mais antiga região demarcada do mundo saem à rua para alertar para os “graves problemas” que os afetam e que se intensificaram nesta vindima com a redução do benefício em 25 mil pipas de vinho.

Em 10 anos, o benefício (quantidade de mosto que cada um pode destinar à produção de vinho do Porto) foi reduzido em 45 por cento, de 145 mil pipas em 2001 para as 85 mil em 2011. Nesta década, o vinho do Porto perdeu 12 milhões de garrafas, correspondendo a uma perda de valor de 37 milhões de euros.

De acordo com Berta Santos, dirigente da AVIDOURO, os vitivinicultores do Douro perderam 60 por cento do seu rendimento nos últimos 15 anos.

A agravar a situação está também a quebra 'acentuada' dos preços praticados: em 2001, o preço médio pago à produção foi de 1.106 euros e em 2010 rondou, segundo a responsável, os 800 euros.

Os automóveis, carrinhas ou motas que participarem na marcha lenta vão partir da cidade da Régua e atravessar o rio Douro até ao concelho de Lamego, através da Auto-estrada 24 (A24).

“Precisamos de dar um sinal de que estamos a viver muito mal, de que é preciso resolver os problemas do Douro. Saímos à rua numa altura em que ainda não estão completamente definidos os preços da pipa do vinho, seja generoso ou de mesa”, sublinhou.

Berta Santos frisou ainda que “a produção precisa que os vinhos sejam pagos de uma forma que garanta rendimento”, deixando o alerta de que é “preciso repor o benefício na próxima campanha”.

José Figueiredo, agricultor de Folgosa do Douro, garantiu que se vai juntar a mais esta manifestação porque já teve 33 pipas de benefício e agora está apenas com 14.

“Só este ano roubaram-me cinco. Era dinheiro que dava para a poda e para vindima e agora tenho que o ir buscar às poupanças”, explicou.

Mais tarde, mas ainda sem data marcada, a AVIDOURO vai organizar uma “grande manifestação” que vai começar em Vila Nova de Gaia, junto às casas exportadoras, e acabar junto ao Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), no Porto.

Os lavradores apelam à intervenção urgente do Governo na resolução dos problemas.


Sem comentários:

Enviar um comentário