domingo, 19 de dezembro de 2010
Tiro certeiro na regionalização
Devo começar por dizer o que penso dos Açores: uma das maravilhas de Portugal. Seria (para mim) o cantinho mais bonito se não houvesse o Douro. Depois, devo acrescentar que aplaudi com entusiasmo a proclamação das autonomias regionais, que considero uma das grandes realizações do regime (já agora, a pior foi o semipresidencialismo que só tem servido para atrasar).
Dito isto, à moda de declaração de interesses, fico perfeitamente à vontade para afirmar que o presidente César deu um tiro certeiro (e definitivo!) no que porventura restava em mim de hesitação recente sobre os malefícios da regionalização.
Fui sempre contra e rejubilei quando o bendito referendo a impediu. Basicamente, devido ao exemplo dos poderes públicos que temos: anafados e gastadores, com tendências horríveis para o amiguismo.
Ultimamente, porém, as minhas convicções tornaram-se menos firmes e ameaçaram ruir - tudo como consequência da ferocidade assumida pelo centralismo lisboeta, inimigo dos interesses locais e prometendo-lhes satisfação somente a troco de votos.
Aconteceu, então, a revelação César. Imagine-se que, por ironia do desvario que nos vem atacando, resolvíamos retalhar o rectângulo em cinco bocados. Seriam mais cinco governos, mais cinco parlamentos, mais cinquenta secretárias e quinhentos assessores. Fora as consultadorias para toda a espécie de questões.
Isso já seria mau. Mas, com mais cinco Césares, só fugindo!
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