quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

E eles dançavam a noite inteira.


Havia um casal que dançava uma música lenta, suave, eu quase não podia ouvi-la mas, sentia tocar em meu corpo como se ela pudesse me segurar no ar.
O calor, a sensação de não sentir nada, me amainando aos poucos e me pondo para relaxar.
Havia dois copos de vinho tinto na mesa, daqueles que descem sem piedade por cada meio segundo de uma garganta seca, dos que mancham quase de sangue delicadamente perfeitos vestidos de seda brancos, trajam lindas mulheres de corpos esbeltos e ténues. Tais como aquela que dançava a música lenta.

E eles dançavam a noite inteira.

Esperavam em cada passo o dia clarear, seus olhos sóbrios, o vinho esperava sem pressa a noite vir clara, sol nascer por detrás dos prédios iluminando seu vermelho de dor que se espalharia como luz rubi na escuridão da noite desaparecida, o cálice dourado reflectindo a luz ofuscante de cegar que não seria capaz de tirar a visão daqueles que transbordam e ardem.
Havia suspiros, toques suaves, havia paixão.
O medo era vil, nem mesmo tilintante.
Como esquecer da superfície frágil e deixar gritar a força do bater do coração?
Alma forte pode parar qualquer sentimento vão. Inexacta é a paixão que arde, abafa qualquer outra vida que vive sem ela.
A noite morre trazendo 'a vida o dia a lua não tem medo de deixar o sol vir e entrar para a escuridão da noite falecida.
Os sentimentos se vão assim como a canção, a suavidade vira ardência como minha pele queima como fogo, olhar sóbrio é tão sórdido que ambos ficam bêbados num mar eloquente.
O vinho tinto derramado por sobre a mesa marcando o movimento ríspido do casal extasiado, som é como tortura aos olhos cândidos de quem vê: o som inaudível, berrante é turbulento.
Ora vem o sol, ora vai a noite. A música se foi assim como o balanço. O ritmo, que acelera para quase cessar, do cálice jovem, do corpo frágil, não conheceria a boca do pecado, por fim, o sangue da virgem do virgem vinho tinto.
Derramado, dolorido esbanjando-se penetrante no corpo do copo, no corpo da jovem, nos corpos, nos copos, nos corpos.

1 comentário:

  1. Antonio...és um ótimo escritor que vira com facilidade as páginas e as palavras deve ser o conjunto de suas ideias,ideais e sonhos ,etc.. que executa com uma beleza encantadora...

    E, por último o meu agradecimento especial, por ajudar-me e ensinar-me a ver a vida com os olhos dos sonhadores, que fazem das palavras a sua própria arte de poetar o mundo ao seu redor!!!!!!

    Espirito Santo ilumine e guie sempre seu Caminho.

    Afetuosamente,

    Tatiana Gomes

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