quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Santa Marta de Penaguião:Câmara paga estudo para viabilização económica da adega


 A Câmara de Santa Marta de Penaguião vai pagar um estudo de viabilização económica para a adega cooperativa local, que possui cerca de 2.000 associados e 22 milhões de euros de dívidas, disse hoje o presidente da autarquia.
Francisco Ribeiro referiu que o estudo, pedido à empresa Deloitte, vai custar cerca de 100 mil euros e deverá estar concluído dentro de 12 semanas.
Entretanto, a direção da adega Caves Santa Marta demitiu-se, mas permanecerá em funções até à conclusão deste trabalho, altura em que serão depois convocadas novas eleições.
Num concelho onde predomina a vitivinicultura, esta cooperativa representa, segundo o autarca, um importante papel. "Possui cerca de dois mil associados. A nossa economia está dependente direta ou indiretamente daquela casa", sublinhou.
A vitivinicultura atravessa uma grave crise, o vinho está a ser mal pago e o benefício (quantidade de mosto que pode ser transformado em vinho do Porto), que era a principal fonte de rendimento dos agricultores foi reduzido em 25 por cento em 2011.
Por causa de tudo isto, Francisco Ribeiro quer "ajudar a salvar" a adega.
O autarca espera que o estudo ajude a "definir novos caminhos", novas formas de gestão, mais profissionalizada, ainda ajudar a dinamizar a parte comercial, apontando novos mercados, e a encontrar uma fórmula para ajudar a pagar à banca em prestações mais leves.
Com um passivo de cerca de 22 milhões de euros, a cooperativa deve 16 milhões de euros à banca e o restante aos associados e fornecedores.
José Eduardo Lopes, da direção demissionária, admitiu que a adega está a atravessar uma situação financeira complicada e que os atrasos no pagamento das colheitas têm provocado alguma insatisfação entre os associados.
No entanto garantiu que a empresa vinícola está a funcionar normalmente.
O responsável explicou que a situação financeira se complicou após as grandes colheitas de 2001 e 2002, que foram liquidadas aos associados mas não vendidas na totalidade, obrigando a adega a recorrer ao crédito. "Daí o endividamento ter aumentado substancialmente", salientou.
A juntar a isto verifica-se agora uma maior dificuldade de acesso ao crédito bancário e a diminuição do benefício que, para esta empresa, representou cerca de menos um milhão de euros.
José Eduardo Lopes garantiu que, até ao final de março, será paga a colheita de 2010 aos vitivinicultores.
Porém, devido a atrasos nos pagamentos, cerca de 200 vitivinicultores procuraram, desde 2006, outras alternativas.
A Caves Santa Marta, criada há cerca de 50 anos, é a maior cooperativa da Região Demarcada do Douro e foi pioneira na fusão entre adegas, juntando as de Santa Marta, Cumieira e Medrões.

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