segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Prémio “Open Mind” atribuído a Manoel de Oliveira



Promoção de projectos intergeracionais e partilha do conhecimento, ou a “recuperação do tempo”, na génese da atribuição

Manoel de Oliveira e António Lúcio Baptista na UTAD
A memória – capacidade do indivíduo para registar, conservar e identificar acontecimentos e impressões – é uma componente fundamental e uma das funções mais preciosas do ser humano. Recorrendo à memória remota, ou de longo prazo, encontrei, algures na minha infância, o nome de Manoel de Oliveira, ligado ao desporto automóvel, provas de velocidade, tema de conversas cruzadas de tios e amigos da família.
Essas conversas estão assim gravadas como um processo fotográfico (Agranoff), ou cinematográfico, uma memória lógica e racional da pessoa de Manoel de Oliveira.

Doutor Honoris Causa aos 103 annos

Anos mais tarde, ouvi falar do cineasta que, nascido no Porto, realizou o filme Aniki Bóbó. Mais tarde ainda, e por simples curiosidade, fui rever o seu percurso. Retive que nasceu para os filmes em 1931 e é o mais velho realizador do mundo ainda em actividade. Foi com o Leão de Ouro arrecadado em Veneza, nos anos 80, que algo despertou novamente.
Interessei-me por algumas das suas obras, como “Douro Faina Fluvial”, “O Pintor e a Cidade” ou “A Caça”, que o levou aos calabouços da PIDE em 1963. Mais tarde, com o Cineclube do Porto e o Centro Português de Cinema e o apoio da Gulbenkian, surgiu o seu novo fôlego como cineasta.

A sua obra é única em filmes e prémios, detalhada e analiticamente explicada na oração de sapiência do Prof. António Preto, padrinho do doutoramento Honoris Causa atribuído a Manoel de Oliveira a que tive a honra de assistir na UTAD, no passado dia 8 de Fevereiro. Depois desta lição, recrudesceu a vontade de ver outras obras, como “Benilde ou a Virgem Mãe” e “Francisca”, bem como a simbiose com a obra de Agustina Bessa-Luís, no seu romance Jóia da Família.
Manoel de Oliveira e o bólide que ainda pegava de manivela
Aos 103 anos, cruzando gerações e conhecimento, cruzando “o tempo”, sempre interessado no progresso da tecnologia, tive o privilégio de com ele conversar e anunciar a atribuição do nosso singelo prémio denominado “Open Mind”, que pretende assinalar a abertura mental que Manoel de Oliveira representa melhor que ninguém.

O tema do prémio “Open Mind” para 2012 tem exactamente o objectivo de chamar a atenção para a grande necessidade e a oportunidade para desenvolver projectos intergeracionais, cruzando inovação e experiência em áreas diversas; ou seja, uma espécie de “open lab”, aquilo que, baseado nos trabalhos do Prof. Alexandre Parafita, designaria de “património imaterial do conhecimento”.

Prémio Open Mind Prémio Open Mind Prémio Open Mind

Este prémio é atribuído anualmente pela ALTEC - Associação de Laserterapia e Tecnologias Afins e conta com o patrocínio da Action Coach Porto. O prémio será entregue pelo Prof. António Ribeiro durante a V Gala da Ciência, da qual a ALTEC é co-promotora, juntamente com o Ciência Hoje e a Ciência Viva, que terá lugar a 26 de Maio no Casino da Figueira o quarto promotor).

Trata-se de uma festa da ciência e do empreendedorismo, que junta várias gerações de cientistas e personalidades da cultura, contando habitualmente com a presença do ministro da Ciência e Ensino Superior. Vamos comemorar os êxitos, incentivar a esperança e recuperar “o tempo”. Até breve, Manoel de Oliveira.


António Lúcio Baptista, cirurgião, presidente da ALTEC e colunista de Ciência Hoje
www.antonioluciobaptista.com

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