quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Sociedade (in)justa

Foto: Rui Pires
De um lado temos milhares de pessoas que trabalharam as nossas terras e nem reforma têm, milhares de famílias que construíram as nossas aldeias e agora fecham-lhes as escolas e os centros de saúde, milhares de homens e mulheres que contribuíram para que Portugal exportasse vinho, cereais, hortícolas, madeira, frutos, enchidos, queijos e artesanato e tirassem da terra o sustento de um povo, contribuindo decisivamente para a carga de impostos que permitiram construir a grande Lisboa e as grandes obras deste país e que agora são abandonados à sua sorte, com portagens de ricos, sem saúde, sem escolas e sem apoio. 


Por outro lado temos políticos com ordenados de rei, alguns com 25 anos de idade, que após meia dúzia de anos ficam com reformas milionárias para toda a vida, temos funcionários de companhias aéreas e ferroviárias que ganham mais que os príncipes e ainda reclamam, temos meninos mimados nas grandes cidades que nunca souberam o que é trabalhar e já se indignam sem saber bem contra quê e contra quem, temos uma sociedade que vive de férias no estrangeiro, feriados, pontes, empregos que nada produzem e deixam milhares de hectares de terra abandonada, terra essa que foi outrora o sustento de um povo, que hoje vive de serviços e de engenharias financeiras, que sonha alto mas que não produz cá em baixo, na terra, que compra ao chinês e despreza o português, que se perfuma mas que passa fome.



Sem aldeias não há agricultura nem pecuária, sem aldeias não é possível ter um território equilibrado e povoado, sem aldeias seremos apenas um país cada vez mais inclinado... para onde? Isso é que não sabemos, sabemos apenas que tudo o que se inclina demais acaba por virar. 



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