O antigo presidente da câmara de Mirandela, José Silvano, é desde hoje o diretor executivo da Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua, entidade que vai gerir os milhões de euros das contrapartidas pela construção da barragem de Foz Tua.
O antigo autarca, que deixou o município transmontano no final de dezembro, depois de 16 anos de presidência, confirmou hoje à Lusa que o novo cargo enquadra-se naquelas que sempre foram as suas pretensões, depois de abandonar as lides autarquias: ficar ligado a projetos que contribuam para o desenvolvimento da região.
A agência faz parte das contrapartidas impostas à EDP pelos impactes da barragem em construção, há um ano, na foz do rio Tua com o Douro, no Nordeste Transmontano, e terá uma presidência rotativa por cada um dos municípios da área de influência.
O primeiro a assumir a presidência é Alijo e seguem-se Carrazeda de Ansiães, Mirandela, Murça e Vila Flor, mas as funções executivas cabem a José Silvano, ele que foi o único dos cinco autarcas que se opôs à construção da barragem, em defesa da linha do Tua.
Em declarações à Lusa, Silvano considerou que "não é um paradoxo", pois entende que, já que não foi possível travar a barragem, as novas funções serão "uma forma de ajudar a compensar a região com as contrapartidas".
A nova agência vai gerir, em conjunto com o Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), um fundo que está já a ser aprovisionado e que corresponde a cerca de meio milhão de euros anuais durante os cinco anos de construção.
Segundo a EDP, este valor poderá duplicar quando o empreendimento começar a produzir e corresponderá a três por cento da faturação líquida anual da produção de eletricidade.
José Silvano explicou que metade deste fundo destina-se à criação de um parque natural naquela zona do Tua, 25 por cento ao desenvolvimento local e a restante percentagem à promoção turística.
À agência competirá também construir o museu da memória do Vale do Tua e apoiar projetos locais de desenvolvimento regional, turísticos, de proteção da natureza e programas de empreendedorismo e desenvolvimento regional.
O novo organismo, em que são parceiros os municípios e a EDP, terá também em mãos o ainda incerto plano de mobilidade imposto na Declaração de Impacto Ambiental como contrapartida pelos 16 quilómetros da linha do Tua que a albufeira vai submergir.
Um terço da ferrovia ficará debaixo de água e o restante necessitará de um investimento intensivo, na ordem de dezenas de milhões de euros.
Competirá à agência estudar a viabilidade da recuperação do troço entre a Brunheda e Mirandela.
O troço final, entre a barragem e a estação do Tua, conta já com dez milhões de euros da EDP para um funicular para subir a encosta da margem esquerda do rio até ao nível do coroamento da albufeira e aquisição de barcos para transportar as pessoas até à cauda da mesma.
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