A Direção Regional da Cultura do Norte (DRCN) emitiu um parecer não favorável à instalação de uma linha de muito alta tensão entre a Barragem de Foz Tua e Armamar, que vai obrigar à reformulação do projeto da EDP.
Esta linha de transporte de energia, a construir no âmbito da Barragem de Foz Tua, ia atravessar o Alto Douro Vinhateiro (ADV), Património Mundial da UNESCO desde 2001.
«Entendemos que existem soluções alternativas para a resolução do problema», afirmou à Lusa a diretora regional da cultura, Paula Silva.
Este projeto da EDP, cuja fase de consulta pública terminou a 31 de janeiro, previa que as linhas de transporte de eletricidade a implantar fossem suportadas em postes (torres) de 44 metros e 64 metros de altura, atravessando vários quilómetros do ADV.
Os cabos de transporte de eletricidade passariam pelos concelhos de Alijó e Carrazeda de Ansiães, na margem direita do rio Douro, e de São João da Pesqueira, Tabuaço e Armamar, na margem esquerda.
Paula Silva propõe soluções alternativas que podem passar pela «utilização de uma linha já existente», ou seja, que o transporte de eletricidade seja feito através de uma linha já instalada. Ou então, acrescentou, «contornar a zona classificada», desviando a linha para norte. O objetivo é, salientou, preservar o Património Mundial.
O parecer da DRCN, que faz parte da comissão que faz a avaliação do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) é vinculativo, pelo que vai obrigar, segundo Paula Silva, a uma «reformulação do projeto».
Contactada pela Lusa, a EDP referiu que apenas se pronuncia sobre o assunto após a decisão final da Agência Portuguesa do Ambiente.
Em janeiro, a Liga dos Amigos Douro Património Mundial (LADPM) manifestou «inquietação e reserva» quanto a estas linhas de muito alta tensão e pediu para que a UNESCO fosse informada sobre o projeto.
A associação ambientalista Quercus também já tinha alertado para esta «nova atrocidade» para o Douro e anunciou mesmo que estava a preparar um documento como forma de alertar a UNESCO. É que, de acordo com a Quercus, a construção destas linhas vinha juntar-se à Barragem de Foz Tua, contribuindo para por em perigo a classificação do ADV.
Um relatório elaborado pela associação Icomos e divulgado em dezembro alertou que a construção dessa barragem terá «um impacto irreversível» e constituirá uma «ameaça ao valor excecional universal».
O dirigente da associação João Branco congratulou-se esta sexta-feira com este chumbo, mas reafirmou que vai ser enviado na mesma o documento à UNESCO, até porque «não há nenhuma linha na zona da construção da barragem», pelo que «terá que ser construída uma».
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