Investigadores da Universidade de Vila Real desenvolveram um método de identificação de castas recorrendo à extracção de DNA do vinho de uma garrafa, no mosto, no lagar ou ainda na videira, um processo que permite detectar falsificações.
O método, já patenteado, permite confirmar se o rótulo corresponde ao que está no interior da garrafa de vinho. E já está a despertar o interesse de empresas, grandes produtores e até de outros países, como a China.
“Na última visita que fizeram à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, os chineses revelaram interesse na patente e estão agora a analisá-la, uma vez que seria muito importante para controlar as importações de vinho”, salientou Paula Lopes, do departamento de Genética e Biotecnologia.
Leonor Pereira, também investigadora ligada ao projecto, explicou que o processo mais complicado é o de extracção do vinho, porque se trata de um produto já vinificado e transformado.
Depois de recolhida a amostra é congelada, se não for imediatamente utilizada, e depois é trabalhada no laboratório, recorrendo a processos de centrifugação e de extracção dos vários componentes destinados também aos vários constituintes da matriz que se está a utilizar.
Leonor Pereira sublinhou que, com este método, se pretende“prevenir fraudes”, principalmente no vinho do Porto, produto que é alvo de muitas falsificações.
“O nosso objectivo é preservar os nossos produtos e as nossas castas, que têm muita qualidade e produzem também um vinho de altíssima qualidade”, acrescentou Paula Lopes.
Este primeiro projecto, «Genómica aplicada à traceabilidade do vinho português: da uva ao consumidor», contou com um financiamento de 132 mil euros da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT).
Agora em Janeiro, os investigadores do laboratório da UTAD inserido no Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia avançaram com uma segunda fase, o Wine Biocode, que conta com uma verba de 178 mil euros, e tem como objectivo quantificar quanto de cada casta foi utilizado em determinado vinho.
Pretende-se também acelerar o processo de identificação de castas. “Estamos a desenvolver biossensores para conseguirmos identificar rapidamente as castas que estão no vinho e não demorar um dia ou dois como acontece actualmente”, disse Paula Lopes.
Para tornar o processo acessível, eficaz e célere, até para quem não sabe usar este tipo de materiais, foi também apresentada uma candidatura ao QREN, em conjunto com a empresa GRiSP, para desenvolver um kit de extracção de DNA.
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