quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Lavradores contestam novas regras para seguro de colheitas

Os lavradores do Douro Sul, região que produz metade da maçã e um terço do vinho e cerejas que se consomem em Portugal, consideram que as novas regras para o seguro de colheitas, que levam a um aumento das apólices entre os 37% e os 108%, são «a certidão de óbito da lavoura».

Os autarcas e agricultores do Douro Sul contestam as novas regras para o seguro de colheitas e querem ser ouvidos pelo Governo para alterar a portaria que entrou em vigor este mês.
António Borges, presidente da Associação de Municípios do Douro Sul, aviso que «se ninguém ouvir este nosso propósito de concertar soluções, naturalmente que terão que nos ouvir de outra e de outra maneira».
As novas regras para o seguro de colheitas reduzem para metade a comparticipação do Estado, o que pode ditar o abandono da lavoura, alertou Vítor Pereira, administrador da Cooperativa Agrícola do Távora.
«É o futuro de muitos agricultores na região. Penso que isto é fundamental quando estamos a falar numa região que tem um grande potencial produtivo, tanto na vinha como na fruta, acabando com um instrumento com a importância que tem o seguro de colheitas, estamos a pôr em causa grande parte dessa produção porque não tenho dúvidas que, pelo menos, os agricultores de menor dimensão abandonarão sem dúvida», defendeu.
Por isso, também o presidente da Câmara de Moimenta da Beira apelou ao diálogo com o Governo. Contudo, Eduardo Ferreira avisou que se os agricultores ficarem sem pão para os filhos, vai ser difícil segurar a região.
«Nós não queremos voltar aos anos da 'geada negra', nós queremos continuar a produzir na região. Se não for a bem e o S. Pedro não quiser fazer o trabalho que deve ser feito pelo seguro de colheitas, é depois difícil segurar quem ficar sem as suas colheitas, sem o pão para os seus filhos por lhe terem retirado um instrumento que lhe garantia o mínimo de sobrevivência e de condições para voltar a trabalhar no ano seguinte»
O seguro de colheitas cobre os riscos associados ao granizo e à geada e é activado sempre que o mau tempo destrói a produção agrícola.
A partir de 2013, os custos com os seguros de colheitas passam a ser assumidos pela União Europeia (UE). Para já os agricultores mandataram os autarcas para discutir com o Governo alterações ao modelo de seguro de colheitas. Se não houver alterações, prometem sair à rua em protesto.

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