Desemprego entre emigrantes é "significativo", admite secretário
de Estado. Só no Luxemburgo há mais de quatro mil portugueses sem trabalho.
Do número anual de portugueses que emigram para o Luxemburgo, quase dois
terços acabam por regressar a Portugal. Maioritariamente sem formação, a
população portuguesa neste país representa já cerca de um terço do total dos
desempregados. Um fenómeno que é extensível a outros dos principais destinos
actuais da emigração portuguesa e que está a preocupar o Governo. De acordo com
o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, o desemprego entre os
portugueses a viver no estrangeiro "é significativo" não apenas no
Luxemburgo, mas também em países como o Reino Unido e Andorra.
Ainda assim, avança o Conselho Nacional de
Estrangeiros no Luxemburgo, a tendência é para que o fluxo de emigrantes
nacionais que procuram aquele país continue a aumentar. O mesmo se passa em
países como o Brasil e França, onde há mais oportunidades de emprego.
Em 2010, a taxa de desemprego no Luxemburgo
rondava os 6,8%, com cerca de 12.600 pessoas fora do mercado de trabalho.
Destas, 4267 eram portugueses que tinham deixado o país em busca de emprego
além-fronteiras. Segundo Rogério Dias de Oliveira, do Conselho Nacional de
Estrangeiros, nessa altura estariam a chegar, por ano, mais de seis mil
emigrantes portugueses ao Luxemburgo, um número que terá aumentado em 2011.
Apesar de a tendência ser para a procura de
empregos menos qualificados, tem-se verificado "uma maior procura de
empregos por portugueses com diplomas no Luxemburgo", avança o
conselheiro. Uma tarefa que, prevê Rogério Dias de Oliveira, "pode não ser
fácil".
E se o desemprego é significativo para a
comunidade portuguesa no país, as consequências já se fazem notar. Na ceia de
Natal deste ano organizada pela Cáritas local, contavam-se, entre cerca de mil
sem-abrigo, mais de 140 portugueses.
Também na Suíça se prevê um agravamento da
situação, diz Manuel Beja, conselheiro das comunidades portuguesas no país. No
final de Novembro, seriam 10.500 os portugueses no desemprego, o que, segundo o
conselheiro, mostra que as dificuldades sobretudo de "trabalhadores com contratos
temporários já se fazem sentir", em particular em áreas como a construção
e a hotelaria.
Menos dificultada será a procura de emprego por
diplomados no Brasil, um destino cada vez mais procurado por portugueses
qualificados em busca de oportunidades que já não encontram no seu país de
origem. Segundo António de Almeida e Silva, conselheiro das comunidades
portuguesas no país, trata-se de um "novo fenómeno da emigração"
portuguesa, especialmente para cidades como São Paulo e o Rio de Janeiro, onde
há já um "número bastante razoável de portugueses jovens e
qualificados", empregados ou a "aguardar colocação". O
conselheiro salienta a "facilidade" que há em encontrar trabalho para
estes jovens num país que não está longe de uma situação de pleno emprego.
Além do Brasil e de destinos mais tradicionais
como França e Suíça, diz o secretário de Estado das Comunidades, é também para
Angola que agora se dirige o maior número de portugueses que emigram em busca
de melhores condições de vida. José Cesário estima em 100 a 120 mil os
portugueses que emigraram este ano, mas o número, admite, "pode ser muito
superior".
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