João van Zeller lançou o desafio ao historiador Gaspar Martins Pereira. Hoje a obra está feita, as árvores (continuam) plantadas e a história é agora de todos.
"A história da Quinta de Roriz, passando várias vezes de mãos e de destino, pertencendo a famílias locais, durienses, portuguesas e estrangeiras, é um bom exemplo do que pode ter acontecido tantas vezes. A sua dignidade aristocrática e burguesa não é evidentemente igual à de toda a região. Mas, na sua exemplaridade, é uma espécie de atalho para esta história ímpar", escreve António Barreto no prefácio deste livro que considera ser uma biografia de uma quinta, "mas sobretudo uma história de gente. E uma história do Douro".
Com a assinatura do historiador Gaspar Martins Pereira, professor catedrático de História e de Estudos Políticos e Internacionais da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e co-fundador e coordenador científico do GEHVID- Grupo de Estudos da História da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto, este livro conta a história milenar do Douro vinhateiro, reconhecido pela UNESCO desde 2001, como património da humanidade. Como escreve o autor, "a história de uma quinta no Douro não pode desprezar o seu papel - chave de unidade de exploração agrária, entre a auto-suficiência e a produção para o mercado, num sector precocemente globalizado e, simultaneamente, numa região de difíceis acessibilidades, onde a vida quotidiana, marcada pelo ciclo da vinha, traduz o combate heróico contra a natureza hostil para obter produtos de excelência e assegurar as condições de vida aos que participam nesse combate".
Escolhido como "um dos livros que mais marcou" João van Zeller - que aliás foi o impulsionador deste projecto -, esta obra surge como um desejo "de enriquecer a bibliografia de uma das regiões mais belas de Portugal", diz van Zeller, ex-proprietário da Quinta de Roriz, detida hoje pela família Symington.
Em entrevista, além das obras que mais o marcaram, destaca uma inquietude do sector vitivinícola: a falta de gestão que levou ao excesso de plantação que se traduz em preços mais baixos. Explicações de mercado que estão descritas em alguns livros.
Livros que marcaram
"Economia Política", de João Lumbrales, foi o livro "que na base" mais marcou João van Zeller, administrador de empresas e actualmente membro do conselho consultivo do Instituto do Vinho do Porto e do Douro. "Este livro ensinou-me as bases da economia política em que sobressaiu um autor: John Maynard Keynes. Foi através de Keynes que aprendi a teoria do pleno emprego, a teoria geral do emprego, do juro e da moeda, a teoria da propensão geral para o consumo e uma série de elementos teóricos da economia que, hoje em dia, estão muito em voga na presente crise que atravessamos", diz. Num outro registo, "Barbarians at the Gate - The Fall of RJR Nabisco" "é uma obra que marcou muito a minha carreira", acrescenta. De dois jornalistas americanos, B.Burrough e J.Helyar, este livro foi publicado em 1990 e conta a história da maior operação de ‘leveraged buyout' (LBO) que foi feita nos anos 80: a operação de aquisição da Nabisco.
Para van Zeller "o livro revela a crueza tremenda das grandes lutas pelo controle das empresas, sobretudo na área das aquisições e fusões em que se encontram grandes e poderosos adversários". Este negócio, que foi concretizado por 21 mil milhões de dólares (15,5 mil milhões de euros), não só foi transformado em livro como também foi adaptado a filme. Sobre os protagonistas: continuam de tal forma na berra que são o destaque desta semana do "Almoço com o FT", rubrica semanal do "Financial Times".
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