Fumeiro

O fumeiro é um produto típico que, por excelência, se distingue na gastronomia tradicional portuguesa, sendo muito apreciado dentro e fora de portas. Em tempos meio de subsistência essencial para muitas famílias rurais, ocupa hoje lugar de destaque à mesa nos dias festivos, em várias regiões do país.

Mas, antes de fazer-se o fumeiro, há que matar o porco. As origens deste ritual perdem-se no tempo, sendo já praticado pelos Celtas que habitavam o nosso território, e do qual existem muitos símbolos que apontam à veneração deste animal, como sejam as "porcas" ou "berrões" em pedra de muitas povoações. Depois, com a necessidade de preservar a carne, surgiram técnicas de conservação como a salga ou a defumação. Estes lentos processos de cura perduraram nas tradições de muitas regiões, do Alentejo ao Minho, das Beiras a Trás-os-Montes e passando pelos Açores.

Esta tradição manteve-se, até há poucos anos, limitada ao círculo da família ou da pequena comunidade rural que, durante os meses de Inverno, matava o porco para seu próprio sustento, em ambiente de grande festa. No entanto, a bem da saúde pública, ditou-se o fim desta prática, embora haja famílias que, à revelia da lei, prossigam este rito tão genuíno. Passe a actual industrialização do fabrico de enchidos, não significa que a qualidade destes tenha sido afectada. Hoje podemos comprar produtos de excelente qualidade fabricados por empresas certificadas, as quais, muitas vezes, recorrem à carne de porco de raças autóctones, como seja a raça bísara em Vinhais ou o porco preto no Alentejo.

Entre alheiras e farinheiras, chouriças e morcelas, cada região se orgulha dos seus enchidos típicos. A Norte, por exemplo, a alheira, a chouriça de carne e o salpicão são comuns, embora o fumeiro do Minho se distinga com o chouriço de abóbora e a sangueira . Em Trás-os-Montes, este enchido corresponde ao chouriço de sangue, que tem também uma variante doce e, únicos à zona, surgem o chouriço azedo e o butelo. Na região da Serra da Estrela, são típicos o chouriço de vinho, a farinheira, a morcela de arroz e a paiola, enquanto no Alentejo se destaca a cacholeira, uma variante da morcela e, nos Açores, a linguiça.

A crescente procura de fumeiro tem potenciado a sua comercialização e a realização de vários eventos regionais que, cada vez mais, se afirmam como agentes de desenvolvimento das regiões, em especial no Minho e Trás-os-Montes. Em Janeiro, poderá visitar a afamada Feira do Fumeiro e Presunto de Barroso em Montalegre, a Feira Gastronómica do Porco em Boticas ou o evento Sabores e Saberes em Chaves. Já em Fevereiro, acontece a talvez mais conhecida Feira do Fumeiro, em Vinhais, a Feira do Fumeiro de Vieira do Minho ou a Festa do Fumeiro e da Orelheira em Cabeceiras de Basto. Mais tardias são a Feira do Fumeiro e do Cozido à Portuguesa em Baião ou a Feira do Folar em Valpaços, em finais de Março.

Reserve já algum tempo da sua agenda para visitar um destes certames, onde encontrará o melhor fumeiro e muita animação, aproveitando para conhecer um pouco melhor a região e as suas tradições.

fonte:descubraportugal.com.pt