terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Associação de Municípios do Vale do Douro

Na reunião foram discutidos temas de especial relevo para os sete concelhos que compõem a AMVDN, destacando-se o novo contrato de gestão para o Centro de Protecção Animal, a implementação do ProCiv | Douro (Planos Municipais de Emergência de Protecção Civil). Foram ainda nomeados os representantes da AMVDN.Assim, para a Comissão Mista de Coordenação que acompanha a elaboração do Plano Regional de Ordenamento do Território de Trás-os-Montes e Alto Douro foi indicado o Presidente da Câmara Municipal de Murça, João Teixeira, que também representará a AMVDN na RESINORTE. Para o Conselho Consultivo da Escola de Hotelaria e Turismo do Porto e para o Conselho da Comunidade do Agrupamento de Centros de Saúde Douro I foi indicado o Presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Alberto Pereira. Nuno Gonçalves, Presidente da Câmara Municipal de Peso da Régua foi indicado para representar a AMVDN na Agência de Desenvolvimento do Douro. Na Associação Douro Histórico, a AMVDN será representada por Paulo Noronha, Secretário Geral da AMVDN

  • Para Refletir

Não havendo regimes políticos perfeitos, a democracia é em si mesma obviamente imperfeita, mesmo que seja a pior maneira de se governar, com excepção de todas as outras, conforme disse há já mais de meio século um muito celebre político inglês. Tem ela a característica de um voto ser um voto, tendo este igual valor venha de quem vier. Logo e por conseguinte, qualquer pleito eleitoral, é ganho por quem obtenha o maior número de vontades expressas geralmente na forma de uma pequena cruz num boletim de voto.
Qualquer pessoa sabe tal coisa hoje em dia, pelo que não é de modo algum a explicação da forma de funcionamento dos regimes democráticos aqui a questão, sossegue alguém que semelhante temor tenha sentido. Não senhor. O que pretendo dizer, para irmos em frente, é que tendencialmente aqueles que procuram obter o poder político são dados a privilegiar naquilo que podem as regiões com maiores índices demográficos. Vive nelas mais gente, e logo quanta mais houver contente, mais votos na fonte se garantem também por essa via.
Coitados de nós pois então que vivemos no interior crescentemente deserto de almas. Cada vez somos em menor número, pelo que cada vez nos ligam menos. Claro que a todo o instante nos juram o contrário e nos afirmam sermos o essencial das intenções do poder central, mas a triste realidade bem no-lo diz em contrário. Fossem as coisas dos homens e dos países governadas em grande parte pelo sentido de justiça e pela inteligência, e outro galo cantaria. Mas não são e assim nos abandonam. Em pouco mais de trinta anos, esvaziou-se o território do interior de gente por causa da ilusão de vidas melhores junto ao mar.
Pelas nossas bandas que até nem são assim lá muito longínquas das areias das praias também assim sucedeu e sucede. Minguamos em votos, logo cresceu e cresce a indiferença com que nos olham. Somos um punhado de seres vivos comparativamente aos magotes do litoral. O Douro é uma região rica, todos nos têm como uma rica região, mas não passa de um conjunto de concelhos cada vez mais pobres, onde alguns milhares teimam em empobrecer alegremente mas sem um brilhozinho nos olhos. Será mais uma questão de teimosia esta de passar a vida em redor das vides. Na repartição dos recursos dão-nos algumas migalhas, poderemos até dizer alguns pedacitos, mas pouco mais. Valemos pelo que parecemos ser, e não pelo que temos e valemos.
A título de exemplo só para não dizerem que sou vago, chamo o caso do IC 26 e da pedida mas não concebida Faculdade de Medicina na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a nossa UTAD. Eu não cursei nela, mas sinto-a como minha, uma vez que está na minha região e pode se quiser fazer muito por nós. Vai fazendo, mas não tudo o que sabe ou pode. Mas isso são matérias de outras sebentas que para aqui agora não chamo.
Acerca do primeiro exemplo, o da via rápida de Amarante para cá e de cá para lá, como é obvio, somente digo que moço que tivesse nascido no tempo em que a promessa da sua concretização foi feita pela vez primeira, seria hoje uma rapagão com a tropa feita e já com filhos espigadotes se para tal lhe aprouvessem o jeito e a vontade. Nada fizeram ainda que tenham rasgado Portugal de lés a lés na construção de auto-estradas. Recentemente começaram a dizer que requalificam até Mesão Frio a actual via. Não será o que se fala há mais de vinte anos, mas remedeia e pronto. No entanto, da altaneira vila de Mesão Frio até cá abaixo à preciosa Régua, dizem alguns, compõe-se a actual e inenarrável estrada e é um pau, conforme diz o povo que é daqui mais uma vez ignorado nos seus interesses. Nem sei como é que alguém se atreve a semelhante proposta, mas poderá ser que me expliquem isso melhor. Palavra de honra que não vejo como é que numa estrada de curvas entre casas tão estreitas onde tem de se meter a primeira velocidade no carro para se “fazerem”, seja possível a melhoria que se impõe minimamente, mas pode ser que se atinja finalmente a quadratura do circulo. Alguém vai ganhar o prémio por certo.
Podia encher páginas nisto do IC que nos sonegam, mas sigo para o assunto da Faculdade que referi como pretendida. Por decisão de quem pode, foi-se. Com pena nossa assim é. Não se quis com ela colocar um contrapeso no lado da balança oposto ao que pende para o lado do mar. Com ela na região, teríamos mais conhecimento, mais gente com saber da qual alguma se fixaria, enfim, teríamos mais valor acrescentando e a acrescentar. Daqui a uns anos, alguém vai dizer que na contemporaneidade não soubemos equilibrar nem planear territorialmente o país, mas isso pouco apoquenta quem decide mesmo que saiba os juízos que se farão mais tarde.
Comecei com a democracia e com ela findo que já me estiquei na folha, para dizer a sua base assenta em muito na solidariedade, no respeito, e no equilíbrio entre as portes individuais e colectivas. No Douro terra de rio e de gente, gostámos dela e defendemo-la. Sentimo-nos iguais entre iguais. Exigimos por isso que nos tratem como merecemos. Peçam-nos o que devemos dar, mas dêem-nos tudo aquilo a que temos direito.

Sem comentários:

Enviar um comentário