sexta-feira, 4 de março de 2011

O Douro, a vinha e as vindimas


ROGA DE VINDIMA

"Fui ao Douro às vindimas,
Não achei que vindimar,
Vindimaram-me as costelas
Olha o que lá fui buscar."

Fui ao Douro à vindima,
Não achei que vindimar,
Vindimaram os meus olhos,
Colheram-mos para o lagar.

Não achei que vindimar,
Nem sequer um só baguinho,
Mas meus olhos d'uva preta
Apanharam-mos p'r'um cestinho.

Nem sequer um só baguinho
P'ra fazer um néctar doce,
Mas meus lábios de cereja
Quiseram-mos p'ra sua posse.

P'ra fazer um néctar doce
Com aroma a mosto fino,
No cálice dos meus abraços
Escreveram meu destino.

Com aroma a mosto fino
E cheirinho de hortelã,
Aromatizaram meus beijos
Certos olhos de avelã.

E cheirinho de hortelã,
Matizada de sol posto,
Beberam-me em copo d'ouro,
Em licor de fino gosto.

Matizada de sol posto,
Orvalhada de tons quentes,
Fui ao Douro à vindima,
Colhi só olhares ardentes.

(Cancioneiro popular duriense)

1 comentário:

  1. Um esclarecimento: os versos aqui colados foram retirados do meu blog "Douro e um poemas":
    http://douroumpoema.blogspot.com/.../roga-de-vindima-fui...
    - tudo estaria bem, até aqui, se fosse indicada a fonte e mantidos: os sinais ortográficos do original (apenas a primeira quadra entre aspas); e a menção "cancioneiro popular" por baixo dessa mesma quadra, APENAS essa quadra referenciando. Esses quatro versinhos (E SÓ ESSES QUATRO VERSINHOS) é que pertencem ao cancioneiro popular e me serviram de mote para escrever as quadras seguintes. A autoria do poema, portanto, salvo o preâmbulo devidamente assinalado, é de TERESA TEIXEIRA. Fica sempre bem respeitar a propriedade intelectual e atribuir os direitos de autor a quem os detém. Obrigada.

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